
Eu nasci aqui e fui criada na Zona Norte, com 20 anos me mudei para um bairro mais tranquilo onde é raro, muito, mas muito raro mesmo escutar tiros.
Eu morei perto de favela, vira e mexe escutava tiros e quase todo final de semana eu dormia com a música alta de um baile funk famoso que nem existe mais, eu acho. Já encontrei bala perdida no meu apartamento, conheci um casal que foi morto por queima de arquivo, já esbarrei com traficantes, já fui assaltada, já fui ameçada de sequestro, já tive que correr na rua de não sei quantos homens, já sai do colégio mais cedo porque mandaram fechar tudo, já andei na rua com o comércio fechado e muitos policiais armados até os dentes e conheço gente que passou por coisas piores, muito piores.
Essa é a violência que existe há muito tempo na cidade e que faz muita gente temer o Rio de Janeiro. Mas ao contrário do que pensam e do que a mídia mostra, não é que toda vez que o carioca sai de casa ele será assaltado ou vítima de bala perdida.
Engraçado foi quando eu fui para Natal e via gente deixar mochila ou bolsa sozinha na areia para dar um mergulho, fiquei abismada, será que não tem medo de levarem? Mas ninguém nem olhava, alguns apenas desviavam para não tropeçar. Percebi que esse medo é coisa de carioca, talvez de paulista também.
Agora o Rio passa por um momento histórico, finalmente o Estado está retomando o poder em seu território e espero que assim seja e assim continue. Infelizmente faz-se necessário o uso da força e da violência, há quem diga que tem que ter políticas sociais, eu concordo, mas primeiro arranca-se o mal pela raiz, depois evita-se que seja plantado novamente. Não dá para ressocializar quem nunca foi socializado.
Finalmente a polícia tem o apoio da maioria da população, até daqueles que estão no meio do fogo cruzado. É verdade que o risco de morrer muitos inocentes é enorme mas eles estão morrendo há muito tempo e agora torcem para que finalmente tenham paz depois da guerra.
Impactante ver a imagem de veículos blindados chegando para invadir uma favela, e as linguagens de guerra como "conquista de território". Polícia civil, militar, federal, exército, marinha, aeronáutica, todas as forças unidas para dar fim ao chamado poder paralelo.
Eu apóio a ação que está acontecendo no Rio e se começou, tem que terminar, não é hora de recuar.
Eu sou carioca de coração, nascida e criada, e eu digo a todo pulmão: eu amo a minha cidade!